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Suposta liberdade.

Quinta-feira, 14.03.13

Sou objecto dejecto de uma sociedade,

não interesso pois detecto uma suposta verdade.

Então infecto com delito esta urbanidade,

pois é no concreto que se ouve o mito desta humanidade

onde sou marginalizado, posto de lado, por todos os meios calado,

por ter importunado alguém,

por ter usado algo que não pertence realmente a ninguém,

a rua é de quem a vive condenado a não ter vintém.

Olha para o pai no céu e esquece a terra mãe!

 

Sou marginal ao fazer uso da palavra escrita codificada,

por oferecer tudo na vida não sirvo para nada.

Não vivo nesta vida que é uma vida passada,

não quero que esta seja uma vida idolatrada.

Pois para mim foi uma tentativa falhada,

por mais certo que faça parece estar toda errada.

Tanta gente que por ela passa, toda uma vida enganada.

Por mais que tente ter uma vida reservada,

há sempre alguém com uma crítica apontada.

Tanta gente que te diz como viver a vida que é a tua,

tantos como aqueles que não conseguem viver apenas a sua.

 

Isto enquanto mais um sem abrigo demente é forçado a viver na rua,

só assim se sente livre ao morar por baixo da lua.

Um homem sonha desde que olha para as estrelas,

mas agora essa imagem é substituída por janelas.

Que condicionam todos os momentos que vemos nelas,

condicionam o pensamento e criam sequelas.

Um pensar urbano, insano, onde as paredes podiam ser telas.

Mas o pensar mundano das pessoas, todas aquelas,

a quem interessa o monótono padrão das janelas,

começa pelo patrão na linha de montagem das panelas...

Lá se vai a tua mensagem, o que dirias ás pessoas, o que lhes mostravas a elas.

 

Quebra-se o espírito e do sonho leva-se á destruição.

Já nem sequer apelas para que te dêem a mão,

afinal sofremos todos a mesma condenação.

Dizerem-te para seres correcto enquanto lucram com a tua perdição.

Gastam fortunas em campanhas, basta dizer não!

Enquanto o médico receita-te as drogas com a outra mão.

Vejo estas constantes redundantes hipocrisias,

de moralistas pedantes, estúpidos todos os dias,

enquanto entretêm com revistas, debutantes, tios e tias.

Para que se consumam as vidas que nos são prometidas,

onde ás escondidas todas as vergonhas são permitidas.

Aos famosos são permitidos todos os erros mundanos,

todos os outros que não estão bem de certeza que ficam "bacanos".

Afinal vivemos melhor que os países de 3º mundo,

está tudo na merda mas ainda não batemos no fundo.

 

Sobre a ameaça de insegurança e aumento da criminalidade,

faço parte das estatísticas por falar a verdade,

da miséria que se vive nesta humanidade.

Onde está essa promessa de igualdade?

Onde é que está esse equilíbrio da sociedade?

Onde o fosso de classes existe com tanta disparidade.

Onde o pobre paga ao rico pela sua prosperidade.

Onde se condena futuros desde a mais tenra idade.

Onde se falam nos factores sem culpabilidade,

observam-se os factores sem haver actividade.

Onde se prende as pessoas pela sua liberdade,

onde se endividam nações por pura arbitrariedade.

Onde se vivem promessas de falsa publicidade,

que invade cada vez mais as paredes de uma cidade.

Onde eu sou proibido de expressar a minha individualidade.

 

Sou obrigado a viver o anonimato da criatividade,

criando alter egos para proteger a minha identidade.

Mas até isso é engolido pelos pseudo-intelectuais,

fartos das hipocrisias dos seus pensadores formais.

Enfadados procuram os seus perdidos ideais,

premiando os seus pares chamando-lhes geniais.

Só para quem é livre é que não os acha nada demais,

pois vêm imagens formalizadas sem nada em concreto,

ganham balúrdios, estapafúrdios, por um mero objecto.

 

Enquanto isso eu ofereço nada sem tecto,

pois acho que se deve ver que o céu é o limite,

e devemos nos levar pela imaginação onde ela permite.

Escolho viver nesta mais pura escuridão,

onde aquilo que se faz só pelo dinheiro faço de alma e coração.

Ser mal interpretado, que sejas tu o verdadeiro e eu não.

Enquanto vejo as facas espetadas trocadas em paixão.

 

Discursos que enganam a falar que somos todos iguais,

mas não temos a mesma educação dada pelos pais.

Porque na minha família a luta dura é igual há várias gerações.

Uma luta que nem muda com prémios do euro-milhões.

Uma vida de luta diária, tributária, a que muitos chamam de passagem otária.

Por mais que se trabalhe no duro não se muda o futuro,

pois toda a gente é desconfiada e não acreditam em gente honesta,

por muito bom que sejas, se o fizeres de borla é que presta.

fazer pagar mais por menos é que se chama ter dois dedos de testa.

Fazer menos, ganhar mais, ser todos os dias uma festa,

enquanto essa vil vida hipócrita infesta.

 

Vamos olhar para o cor de rosa do meio onde te queres inserir.

Disparando merda em todas as direcções sem me querer atingir?

Por toda esta vivência de vidas sempre a fingir,

disfarçando dizendo que são os papéis que nos fazem subir,

numa escada de hipocrisia que todos dizem destruir.

Eu vejo todos a fazer o mesmo e a esperança a ruir...

Onde está essa dita igualdade para eu usufruir?

Já sei, está na terra usada em cima de mim quando eu cair.

Porque de resto só a vejo no caminho que toda a gente está a seguir.

 

Uma vida totalmente condicionada,

completamente vazia e despropositada.

Onde só se serve como peça de uma engrenagem.

Onde se ouve belos discursos vazios de mensagem.

Onde se vive intensamente as decisões da arbitragem,

de um jogo de futebol qualquer, novelas para a mulher,

encher a cabeça de entulho para que não se meta a colher

no tacho daqueles que te tiram a sopa.

Afinal toda ela é pouca...

Façam vocês o sacrifício,

alimentados a pão e água numa loja de baguetes e fogos de artifício.

 

Mas mesmo fazendo igual á revolução francesa,

cortarem se cabeças a todos, pois com certeza...

Nada iria mudar, mudavam-se as cabeças mas não se mudava o lugar.

Por mais que seja uma pessoa diferente, igual a tantos nesse posto, vai ficar!

 

Enquanto isso vai-se amontoando;

as pessoas, os problemas, os anos passando,

todos sem direcção mas continuam caminhando,

pois o sonho só se vive sonhando.

Uma sociedade não vai nada bem mas responde: Vai-se andando!

Sempre numa esperança de melhoria de vida,

a cada batalha e tentativa perdida.

Onde o escravo só tem uma saída,

uma pessoa vai com a corrente ou está fodida.

Ou fazes parte do todo ou és um marginal,

só porque aquilo que pretendes não é igual ao comum mortal.

Batalhas por uma verdadeira mudança,

porque a última a morrer é mesmo a esperança,

por muitos que se façam cegos e surdos há sempre um que se alcança.

Mesmo que seja preciso muita perseverança.

Os sonhadores que a cada dia são mais,

que um dia filhos também serão pais,

no meio de todos os que desistem e continuam com seus ideais.

Passam-nos de geração para que a liberdade sobreviva,

passando de mão em mão para que não seja esquecida,

uma nova tradição, a promessa de uma vida.

A mesma verdadeira liberdade que nos é prometida,

ao contrário desta vivência que é apenas permissiva.

Para uma verdadeira conquista e não uma mera tentativa.

Onde todos podem ser livres e não é só "o artista",

onde a felicidade existe até perder de vista.

Onde toda a realidade não precisa de ser revista,

onde não se alteram os factos para favorecer algum ponto de vista.

Onde se faz o bem pelo bem e não é algo em que se invista.

 

Uma humanidade onde haja real igualdade.

Onde não seja preciso questionar a liberdade.

Onde se chegue á conclusão que como indivíduos somos todos um.

Células especializadas de um corpo comum,

que enquanto não trabalharem todas em conjunto não se vai a lado nenhum.

Deixando de haver batalhas de interesses,

onde é necessário recorrer a preces,

por todos aqueles que não têm voz,

pois são devorados com uma velocidade atroz.

 

Calando quem possa enquanto destroça esta terra que é nossa.

Enquanto a liberdade se disfarça com meia verdade,

vivendo na esperança que ao grito de revolta será dada continuidade.

Para que deixem de haver conformados que a revolta é apenas formalidade,

afinal todos querem a reforma quando atingirem a idade...

e assim vai a nossa suposta liberdade.

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publicado por Ogle às 13:49

Faz de conta que eras a escolhida...

Quarta-feira, 13.03.13

Faz de conta que te amei,

que partilhámos todos os nossos medos.

Faz de conta que eu até nem sei,

que para contar amantes já não chegam os dedos.

 

Faz de conta que eu não ligava

a todos os desejos que escondias.

Faz de conta que eu não interpretava

o teu encanto com as putarias.

 

Finges ser pura e casta,

sempre com planos moralistas,

mas és atraída pela vasta

experiência de boémia dos artistas.

 

Faz de conta que eu não sei

todos os segredos que escondias,

o teu desejo de querer o que eu passei,

mas que com vergonha nunca me o dizias.

 

Contudo dizias sempre ser sincera,

sem nunca revelar o que és,

querias viver uma quimera

sem nunca mexer os pés.

 

Vives uma fantasia solitária

confortável no teu pequeno recanto,

nunca pensei que fosses celibatária,

mas tanta coisa escondida perdes o encanto.

 

Querias inspirar grandes épicos,

mas não tens uma essência destilada.

Se a viagem da alma fosse em valores métricos;

A tua viagem acabava em menos de nada.

 

Vives permanentemente insatisfeita,

rodeado de objectos e vivências.

A vida nunca é perfeita,

pois é normal ter que fazer cedências.

 

Nunca percebi esse pensamento

de que tudo gira á tua roda,

quando existes por um momento

tão curto como qualquer moda.

 

Mas faz de conta que sou eu o burro,

faz de conta que a culpa é sempre minha.

Afinal eu sou muito casmurro

prefiro tratar da minha vidinha

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publicado por Ogle às 17:37





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